terça-feira, 1 de maio de 2012

O Livro dos Médiuns (Allan Kardec, 1861),  

Parte 2, Cap. IV - 

TEORIA DAS MANIFESTAÇÕES FÍSICAS



"Possuímos em nós mesmos, pelo pensamento e a vontade, um poder de ação que se estende muito além dos limites de nossa esfera corpórea."
(ALLAN KARDEC)

73. O conhecimento da natureza dos Espíritos, de sua forma humana, das propriedades semimateriais do perispírito, da ação mecânica que podem exercer sobre a matéria, e o fato de nas aparições as mãos fluídicas e até mesmo tangíveis pegarem objetos e os carregarem, naturalmente nos faziam crer que o Espírito se servisse das mãos para girar a mesa e que a erguesse pelos braços. Mas, nesse caso, qual a necessidade de médiuns? O Espírito não poderia agir sozinho? Porque o médium que freqüentemente pousa as mãos na mesa em sentido contrário ao do movimento, ou mesmo nem chega a pousá-las, não pode evidentemente ajudar o Espírito por ação muscular. Ouçamos primeiro os Espíritos que interrogamos a respeito.
74. As respostas seguintes nos foram dadas pelo Espírito São Luís e depois confirmadas por muitos outros.
1. O fluido universal é uma emanação da Divindade?
— Não.
2. É uma criação da Divindade?
— Tudo foi criado, exceto Deus.
3. O fluido universal é o próprio elemento universal?
— Sim, é o princípio elementar de todas as coisas.
4. Tem alguma relação com o fluido elétrico, cujos efeitos conhecemos?
— É o seu elemento.
5. Como o fluido universal se nos apresenta na sua maior simplicidade?
— Para encontrá-lo na simplicidade absoluta seria preciso remontar aos Espíritos puros. No vosso mundo ele esta sempre mais ou menos modificado, para formar a matéria compacta que vos rodeia. Podeis dizer, entretanto, que ele mais se aproxima dessa simplicidade no fluido que chamais fluido magnético animal(1)
6. Afirmou-se que o fluido universal é a fonte da vida; seria ao mesmo tempo a fonte da inteligência?
— Não; esse fluido só anima a matéria.
7. Sendo esse fluido que forma o perispírito, parece encontrar-se nele numa espécie de condensação que de certa maneira o aproxima da matéria propriamente dita?
— De certa maneira, dizeis bem, porque ele não possui todas as propriedades da matéria e a sua condensação é maior ou menor segundo a natureza dos mundos.
8. Como um Espírito pode mover um corpo sólido?
— Combinando uma porção de fluido universal com o fluido que desprende do médium apropriado a esses efeitos.
9. Os Espíritos erguem a mesa com a ajuda dos braços, de alguma maneira solidificada?
— Esta resposta não te dará ainda o que desejas. Quando uma mesa se move é porque o Espírito evocado tirou do fluido universal o que anima essa mesa de uma vida factícia. Assim preparada, o Espírito a atrai e a movimenta, sob a influência do seu próprio fluido, emitido pela sua vontade. Quando a massa que deseja mover é muito pesada para ele, pede a ajuda de outros Espíritos da sua mesma condição. Por sua natureza etérea, o Espírito da sua mesma condição. Por sua natureza etérea, o Espírito propriamente dito não pode agir sobre a matéria grosseira sem intermediário, ou seja, sem o liame que o liga à matéria. Esse liame, que chamas perispírito, oferece a chave de todos os fenômenos espíritas materiais. Creio me haver explicado com bastante clareza para fazer-me compreender.
Nota de Kardec: Chamamos a atenção para a primeira frase: “Esta resposta não te dará ainda o que desejas” . O Espírito compreendera perfeitamente que todas as questões anteriores só tinham por fim chegar a essa. E se refere ao nosso pensamento, que esperava, com efeito, outra resposta, que confirmasse a nossa idéia sobre a maneira por que o Espírito movimenta as mesas.
10. Os Espíritos que ele chama para ajudá-lo são inferiores a ele? Estão sob as suas ordens?
— Quase sempre são seus iguais e acodem espontaneamente.
11. Todos os Espíritos podem produzir esses fenômenos?
— Os Espíritos que produzem esses efeitos são sempre inferiores, ainda não suficientemente livres das influencias materiais.

12. Compreendemos que os Espíritos superiores não se ocupem dessas coisas, mas perguntamos se, sendo mais desmaterializados., teriam o poder de fazê-lo, se o quisessem?
— Eles possuem a força moral, como os outros possuem a força física. Quando necessitam desta última, servem-se dos que a possuem. Já não dissemos que eles se servem dos Espíritos inferiores como vós dos carregadores?


Nota de Kardec: – A densidade do perispírito, se assim se pode dizer, varia de acordo com a natureza dos mundos, como já foi ensinado. (O Livro dos Espíritos, nº 94 e 187). Parece variar também no mesmo mundo, segundo os indivíduos. Nos Espíritos moralmente adiantados ele é mais sutil e se aproxima do perispírito das entidades elevadas; nos Espíritos inferiores aproxima-se da matéria e é isso que determina a persistência das ilusões da vida terrena nas entidades de baixa categoria, que pensam e agem como se ainda estivessem na vida física, tendo os mesmos desejos e quase poderíamos dizer a mesma sensualidade. Essa densidade maior do perispírito, estabelecendo maior afinidade com a matéria, torna os Espíritos inferiores mais aptos para as manifestações físicas. È por essa razão que um homem refinado, habituado aos trabalhos intelectuais, de corpo frágil e delicado, não pode.erguer pesados fardos como um carregador. A matéria de seu corpo é de alguma maneira menos compacta, os órgãos são menos resistentes, o fluido nervoso menos intenso. O perispírito é para o Espírito o que o corpo é para o homem. Sua densidade esta na razão da inferioridade do espírito. Essa densidade, portanto, substitui nele a força muscular, dando-lhe maior poder sobre os fluidos necessários às manifestações do que o possuem os de natureza mais etérea. Se um Espírito elevado quer produzir esses efeitos, faz o que fazem entre nós os homens refinados: incumbe disso um Espírito carregador.

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